A Grande Comisão: Metas Eternas no Coração da Igreja

A Grande Comisao Metas Eternas No Coracao Da Igreja

A mensagem da Grande Comissão, proferida por Jesus em Mateus 28:19-20, é um chamado atemporal que define a essência da missão da Igreja Cristã. Este comando não é apenas um mandato pastoral, mas a própria alma da missão até o fim dos tempos. Exploraremos as implicações desta ordem abrangente e como ela continua a ressoar na igreja moderna.

O Chamado Divino para a Ação

A Grande Comissão, registrada em Mateus 28:19-20, é uma das passagens mais icônicas e fundamentais do Novo Testamento. Jesus, após Sua ressurreição e momentos antes de Sua ascensão, reúne Seus discípulos no Monte da Galileia e lhes confia uma missão de proporções globais:

“Portanto, ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho mandado.”

Esta instrução não é apenas um mandato pastoral ou uma sugestão casual. É a essência da missão da igreja até o fim dos tempos, um chamado divino que ecoa através dos séculos e permanece tão relevante hoje quanto no momento em que foi proferido.

O imperativo “ide” é uma continuidade da missão redentora de Deus, agora confiada aos seguidores de Cristo. Esta comissão destaca duas partes cruciais da obra divina: a parte que Cristo cumpriu e a parte designada à Igreja. Em Hebreus 10:10, compreendemos que “…a oferta do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez por todas” cumpre a obra redentora da salvação. Jesus completou a parte mais crucial – o sacrifício na cruz. Já a Igreja é encarregada de anunciar essa fé salvadora, dando continuidade à missão de fazer discípulos.

A escolha de Deus em confiar esta missão à Igreja é um testemunho da Sua graça e sabedoria. Como Paulo lembra em 1 Coríntios 1:27, “Deus escolheu as coisas fracas do mundo para confundir as fortes”, indicando que a força da igreja reside em sua dependência de Cristo na missão de evangelizar. Esta verdade nos lembra que o poder para cumprir a Grande Comissão não vem de nossas próprias habilidades ou recursos, mas da graça e do poder de Deus operando através de nós.

A Missão da Igreja no Novo Testamento: Um Chamado Abrangente

Os Evangelhos relatam detalhadamente a vida, morte e ressurreição de Jesus, estabelecendo a base sólida da fé cristã. O Evangelho de João, em particular, explicita seu propósito em João 20:31:

“Mas estes foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em Seu nome.”

Isso estabelece um ponto de partida fundamental para a missão da Igreja – crer e ensinar sobre quem Jesus é e o que Ele fez. A fé em Cristo não é apenas um conjunto de crenças abstratas, mas uma relação viva com o Filho de Deus que transforma vidas e comunidades inteiras.

O livro dos Atos dos Apóstolos expande essa missão, descrevendo vividamente como os primeiros cristãos viveram e proclamaram o Evangelho em meio a desafios e oportunidades. Atos 1:8 captura o mandato de Jesus de maneira poderosa:

“Mas recebereis poder quando o Espírito Santo descer sobre vós, e sereis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra.”

Este versículo não apenas delineia a missão expansiva da igreja, mas também promete o poder do Espírito Santo como capacitação essencial para a obra. A promessa do Espírito Santo é crucial, pois reconhece que a tarefa de alcançar o mundo com o Evangelho está além das capacidades humanas. É somente através do poder sobrenatural de Deus que a Igreja pode cumprir sua missão.

A expansão geográfica mencionada em Atos 1:8 – de Jerusalém para Judeia, Samaria e até os confins da terra – serve como um modelo estratégico para a missão da Igreja. Começa localmente (Jerusalém), expande-se regionalmente (Judeia e Samaria) e, finalmente, alcança uma escala global (até os confins da terra). Este padrão sugere que a missão da Igreja deve ser abrangente, alcançando tanto as comunidades locais quanto as regiões mais remotas do planeta.

Dificuldades no Cumprimento da Missão: Perseguição e Adversidades

A história da igreja primitiva, conforme registrada no livro de Atos, deixa claro que a missão divina não é isenta de desafios. A perseguição foi uma realidade constante para os primeiros cristãos, testando sua fé e comprometimento com o Evangelho.

Atos 7:58-60 apresenta o martírio de Estevão, o primeiro mártir cristão, como um exemplo poderoso de testemunho fiel até a morte:

“E, apedrejando a Estêvão, este invocava e dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito. E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu.”

A atitude de Estêvão diante da morte violenta é um testemunho impressionante do poder transformador do Evangelho. Sua oração de perdão para seus executores ecoa as palavras de Jesus na cruz e demonstra o amor radical que caracteriza os verdadeiros seguidores de Cristo.

Logo após a morte de Estevão, Atos 8:1 relata uma grande perseguição que levou à dispersão dos discípulos:

“E fez-se naquele dia uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judeia e de Samaria, exceto os apóstolos.”

Esta dispersão, embora dolorosa, teve um efeito inesperado: espalhou o Evangelho para além de Jerusalém, cumprindo assim o mandato de Jesus em Atos 1:8. Isso ilustra como Deus pode usar até mesmo as circunstâncias mais adversas para avançar Seu reino.

Um capítulo depois, testemunhamos uma virada significativa na expansão do cristianismo com a conversão de Paulo. Atos 9:3-6 narra o encontro dramático de Paulo com Jesus no caminho para Damasco:

“E, indo no caminho, aconteceu que, chegando perto de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu. E, caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões.”

Esta experiência transformadora converteu Paulo de um perseguidor ferrenho em um dos missionários mais zelosos e influentes da história da Igreja. A conversão de Paulo demonstra o poder do Evangelho para transformar até mesmo seus oponentes mais ardentes em poderosos instrumentos para a expansão do Reino de Deus.

Persistência na Missão: O Exemplo de Paulo e Barnabé

A persistência na missão é exemplificada de maneira notável na vida de Paulo e Barnabé. Atos 14:21-28 resume a primeira viagem missionária deles, ilustrando o compromisso inabalável de fortalecer e encorajar as igrejas recém-formadas:

“E, tendo anunciado o evangelho naquela cidade e feito muitos discípulos, voltaram para Listra, e Icônio, e Antioquia, confirmando os ânimos dos discípulos, exortando-os a permanecer na fé, dizendo que por muitas tribulações nos importa entrar no reino de Deus.”

A afirmação em Atos 14:22 de que “é necessário que por muitas tribulações entremos no reino de Deus” encapsula a visão apostólica de que a missão da igreja inevitavelmente envolve perseverança diante das adversidades. Esta perspectiva realista sobre as dificuldades da vida cristã e do ministério evangélico não era uma expressão de pessimismo, mas um reconhecimento da realidade do conflito espiritual e uma exortação à fidelidade persistente.

A jornada missionária de Paulo e Barnabé também demonstra a importância do trabalho em equipe na missão. Eles não apenas pregavam o Evangelho, mas também se apoiavam mutuamente, enfrentando juntos os desafios e celebrando as vitórias. Este modelo de parceria ministerial continua sendo valioso para a igreja contemporânea, lembrando-nos da importância da comunidade e do apoio mútuo no cumprimento da Grande Comissão.

Estrutura de Apoio na Igreja: Liderança e Organização

Para sustentar a missão a longo prazo, os apóstolos sabiamente estabeleceram estruturas de liderança dentro das igrejas. Atos 14:23 destaca esta prática crucial:

“E, havendo-lhes, por comum consentimento, eleito anciãos em cada igreja, orando com jejuns, os encomendaram ao Senhor em quem haviam crido.”

A designação de presbíteros (anciãos) em cada igreja, acompanhada de orações e jejuns, demonstra a importância atribuída à liderança espiritual local. Esta prática de selecionar e estabelecer líderes espirituais foi fundamental para garantir a estabilidade, o crescimento contínuo e a fidelidade doutrinária das congregações locais.

O processo de seleção de líderes, conforme descrito, envolvia discernimento comunitário (“por comum consentimento”), dedicação espiritual (oração e jejum) e confiança na providência divina (“os encomendaram ao Senhor”). Este modelo equilibrado de liderança combina a participação humana com a dependência de Deus, um princípio que continua sendo relevante para a igreja moderna.

Além disso, a estrutura de liderança estabelecida pelos apóstolos não era meramente administrativa, mas profundamente espiritual e pastoral. Os líderes eram chamados não apenas para gerenciar as igrejas, mas para pastorear o rebanho de Deus, como Pedro exorta em 1 Pedro 5:2-3:

“Apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho.”

Esta visão de liderança como serviço e exemplo, em vez de dominação, é essencial para uma igreja saudável e eficaz em sua missão.

Prática da Perseverança na Fé: Oração e Jejum

A perseverança na fé, tão necessária para o cumprimento da Grande Comissão, é sustentada por práticas espirituais como a oração e o jejum. Estas disciplinas não são meros rituais, mas meios pelos quais os crentes se conectam com Deus, buscam Sua orientação e recebem força espiritual.

Efésios 6:18 enfatiza a importância da oração constante e vigilante:

“Com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos.”

Esta exortação à oração constante e abrangente destaca a dependência contínua que os crentes devem ter de Deus em sua missão. A oração não é apenas um recurso para momentos de crise, mas uma prática constante que deve permear toda a vida e ministério do cristão.

Além disso, Jeremias 33:3 oferece uma promessa reconfortante que encoraja a busca persistente de Deus:

“Clama a mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas grandes e firmes que não sabes.”

Esta promessa divina de revelação e orientação em resposta à oração é um incentivo poderoso para a igreja perseverar em sua busca por Deus e em sua missão no mundo.

O jejum, frequentemente praticado em conjunto com a oração, é outra disciplina espiritual que fortalece a fé e foca a atenção do crente em Deus. Jesus assumiu que Seus seguidores jejuariam, como vemos em Mateus 6:16-18, onde Ele instrui sobre a atitude correta no jejum. Esta prática, quando realizada com o coração correto, pode ser um meio poderoso de intensificar a oração e buscar a direção divina em momentos críticos do ministério e da missão.

Reflexão e Aplicação Prática: Lições para a Igreja Moderna

O exemplo dos apóstolos no livro de Atos serve de inspiração e modelo para a igreja moderna. Em Atos 5:41-42, vemos uma demonstração notável de dedicação e alegria em meio à perseguição:

“Retiraram-se, pois, da presença do sinédrio, regozijando-se por terem sido julgados dignos de sofrer afrontas pelo nome de Jesus. E todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar e de anunciar Jesus Cristo.”

Este exemplo de dedicação total à missão, independentemente das circunstâncias adversas, é um chamado poderoso para todos os crentes viverem com semelhante comprometimento. A alegria dos apóstolos em sofrer pelo nome de Jesus desafia nossa tendência à autopreservação e nos convida a abraçar o custo do discipulado com gratidão e coragem.

Nos tempos atuais, a liberdade religiosa que muitos de nós desfrutamos deve ser vista como uma oportunidade preciosa para avançar o Evangelho. Enquanto muitos dos primeiros cristãos enfrentaram perseguições mortais, grande parte de nós possui plataformas abertas e seguras para compartilhar a mensagem de Cristo. Esta realidade nos impõe uma responsabilidade ainda maior de sermos fiéis à nossa missão.

A aplicação prática da Grande Comissão hoje pode assumir muitas formas:

  • Envolvimento local: Participar ativamente na vida da igreja local, servindo e testemunhando na comunidade imediata.
  • Missões de curto prazo: Engajar-se em viagens missionárias para apoiar o trabalho em outras regiões ou países.
  • Suporte a missionários: Apoiar financeira e espiritualmente aqueles que são chamados para o campo missionário de tempo integral.
  • Uso da tecnologia: Aproveitar as plataformas digitais para alcançar pessoas com o Evangelho e discipulá-las online.
  • Treinamento e educação: Investir no desenvolvimento de líderes e na formação teológica para equipar melhor a igreja para sua missão.
  • Ação social: Demonstrar o amor de Cristo através de projetos de serviço e iniciativas que atendam às necessidades da comunidade.
  • Diálogo intercultural: Buscar compreender e se engajar respeitosamente com pessoas de diferentes backgrounds culturais e religiosos.
  • Oração estratégica: Dedicar-se à oração regular e focada pelos esforços missionários ao redor do mundo.

Chamado Contínuo à Fidelidade e Ação

Em resumo, o cumprimento da Grande Comissão é uma tarefa contínua que exige fidelidade e ação incessante por parte da Igreja. A missão é clara: fazer discípulos de todas as nações, batizar e ensinar. Através da oração, do jejum e do apoio da liderança espiritual, podemos enfrentar os desafios e tribulações que possam surgir, confiando na força e no poder de Deus. Que sejamos inspirados pelos exemplos dos primeiros cristãos e que nossa dedicação à missão de Cristo seja renovada a cada dia.

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